segunda-feira, 16 de agosto de 2010

trágedia

As coisas andam cada vez mais escuras ao meu ver. Desde que meu cachorro morreu ando com uma estranha mania de deixar a casa mais acessa, a televisão mais alta e sempre ligada, a música estourando. A conta de luz aumentou uns 20% nesse último mês e eu entendo exatamente o porque. Minha mãe mandou eu desligar a tv do quarto pois ela estava aos berros e estávamos na sala, entrei e simplesmente fechei a porta, na hora de tentar explicar disse deixa pra lá com aquele choro na garganta. Não sei o motivo direito, mas todas as vezes que vou tentar falar pra alguém como me sinto em relação a qualquer coisa, me vem aquele choro preso que tu lutas pra ele não cair e de repente começa algumas lágrimas.
Sempre me imaginei morando aqui, com as pessoas daqui e principalmente com o úmido e as chuvas, agora já não sei mais, a vontade de deixar tudo para trás e ver o que tem pra frente me vem a tona. A sensação real que tenho aqui é como se não existisse o adiante, como se fosse um beco sem saída ou como se o mundo fosse quadrado e se eu continuar andando eu vou cair e dentro desse sentimento todo parece que algo muito ruim vai acontecer comigo, como se a minha vida fosse boa como ela é para viver nessa ansiedade da tragédia. Um amigo me disse que eu seria a última a morrer e este mesmo hoje me chamou de egoísta, gosto de pensar que ele não esta errado em nenhuma das afirmações.
É, vai ver que eu não posso ter doze anos para sempre, que a morte do meu cachorro enterrou o Peter Pan, mas que Belém pode ser o meu para sempre na Terra do Nunca e que a cada dia que passa cai mais areia em cima do meu corpo e que se eu continuar fechando os olhos cada vez que eles ardem eu posso ficar cega de vez.

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